quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Centro Comercial Avenida - Desertificação sem solução à vista

O comércio activo e a localização do edifício Avenida, são insuficientes para atrair clientes e possíveis investidores. Lojistas e administração não encontram alternativas viáveis.



"Piorar, não piora, não tem é tendência para melhorar", é assim que o administrador do Centro Comercial Avenida (CCA), Humberto Almeida, caracteriza a actual situação do edifício. É notório o abandono do espaço, lojas fechadas, poucos ou nenhuns clientes, tentativas de atracção de público, e nem a posição central do edifício faz com que alguma das especulações acerca da possível venda, se concretizem.


O edifício com 115 anos de existência já foi circo, foi teatro de referência, palco de grandes manisfestações políticas e teve lotações esgotadas de grandes êxitos cinematográficos. Mais tarde, foi transformado em centro comercial, fazendo parte da história da cidade e dos seus habitantes.


"Naquela altura era impensável que este espaço ficasse ao abandono", refere o proprietário do Bar Avenida, Arlindo Coelho. Apesar de alguns lojistas não se mostrarem arrependidos por se terem fixado naquele espaço, quando se fala do motivo principal que originou a ausência de clientes, a opinião é unânime: o fecho dos cinemas. "Estou aqui há 19 anos e o motivo da escolha foi fácil, era um espaço comercial com duas salas de cinema, e o seu encerramento originou a redução de clientes", comenta Arlindo Coelho.


A cidade tem assistido e contribuído para que a crise que o Avenida vive há anos se venha arrastando. Como objectivo de a solucionar realizou-se recentemente um leilão para a venda das duas salas de cinema, existentes no rés-de-chão, que entretanto encerraram, mas o valor da licitação não foi atingido. "Interessados há, não têm é dinheiro, facto que inviabilizou a existência de ofertas aliciantes para a aprovação da venda", refere o sub-gerente da empresa responsável pelo leilão das salas, António Florindo.


O regresso do dinamismo ao edifício parece depender de novos investimentos. A possível venda dos três primeiros pisos ao Instituto Superior Miguel Torga foi outra das hipóteses que surgiu para reaproveitar o CCA. Para muitos lojistas, esta seria uma boa solução, como mostra a proprietária do estabelecimento Zita Cabeleireira, Teresa Rasteiro, "seriam muitos alunos que nos entrariam pelo edifício, o que era muito bom para movimentar o espaço".


Apesar da visão pessimista que assombra o edifício, existem muitas lojas que resistem a esta realidade e todos os dias cumprem o horário de funcionamento. "Os novos centros comerciais não têm lojas que nós temos", afirma a funcionária da Flôr de Coimbra, Maria Adelaide. "São entre 1000 a 1500 as pessoas que passam diariamente no CCA", segundo o administrador do edifício.


"São muitas as horas mortas sem passar uma única pessoa no corredor, porque os nossos clientes de passagem são cada vez menos", refere a proprietária do salão Zita Cabeleireira. Os vários pisos do Avenida são preenchidos por clientes habituais, mas para os comerciantes parecem não ser suficientes. A Câmara Municipal de Coimbra, já propôs soluções informais para reaproveitar o edifício, uma delas passava pela sua transformação num Centro de Saúde, no entanto, o Presidente da Câmara, Carlos Encarnação, afirma não ter nada a declarar sobre a situação do Avenida.


"O futuro imediato será o mesmo que se vive actualmente, o da sobrevivência e da gestão corrente. Vão continuar a fechar e a abrir lojas", conclui o administrador do CCA. Enquanto isso, os comerciantes anseiam por um bom investimento no local, para que o centro comercial volte a ter a vida que tinha noutros tempos. O pensamento dos lojistas resume-se assim ao de Teresa Rasteiro, "penso sempre que amanhã vai ser um dia melhor".



Elisabete Paulos Ribeiro
Vanessa Soares


(Jornal universitário de Coimbra "A Cabra" - edição nº188, 11 de Novembro de 2008)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008