segunda-feira, 26 de maio de 2008

“ Um bom empurrão para deixar de fumar”




Para Diogo Coimbra, fumador há dez anos, a nova lei do tabaco, em vigor desde de um de Janeiro de 2008, apesar de ainda não estar bem regulamentada vai contribuir para a diminuição do número de fumadores em Portugal.

Elisabete Paulos Ribeiro – Quais os motivos que o levaram a começar a fumar? Influência dos amigos?
Diogo Coimbra –
Sim. Comecei a fumar tinha por volta dos 16 anos e foi para me assumir como adulto e também por influência. Os meus amigos fumavam na escola e por brincadeira comecei a fumar também. Depois comecei a comprar maços de tabaco e quando dei por mim já era um fumador regular.

E.P.R. – Qual a sua opinião em relação à nova lei do tabaco?
D.C. –
A minha opinião diverge em dois sentidos: por um lado acho bem em locais com pouco espaço, os fumadores terem que se retirar e irem fumar para a rua, porque os não fumadores não têm que levar com o fumo. Por outro lado acho mal, porque é um bocado “discriminação”, pois é como dizerem: “já que fumas sai daqui porque não podes estar aqui neste espaço reservado só a não fumadores”. Porém penso que já devia estar tudo regulamentado para as pessoas saberem, ao certo, como é a nova lei do tabaco.

E.P.R. – Não acha que se fosse totalmente proibido fumar em locais fechados, a lei seria muito mais facilmente aplicável, apesar de mais contestada?
D.C. –
Não. Acho que talvez houvesse muito mais confusão do que aquela que já há.

E.P.R. – Vai deixar de frequentar espaços que costumava ir e fumar à vontade porque são agora locais sem fumo?
D.C. –
Depende. Se for sozinho, prefiro ir para outros sítios. Se for num grupo onde estejam não fumadores e decidamos ir para ai, tenho que me sujeitar e tenho que ir fumar fora do estabelecimento.

E.P.R. – Então prefere sair a arriscar-se pagar uma multa entre 50€ e 750€ por fumar em locais proibidos?
D.C. –
Prefiro sair, evidentemente! Não só por causa do dinheiro, mas também pelo respeito pelos outros.

E.P.R. – Poderá esta nova lei servir de empurrão para quem quer deixar de fumar?
D.C. –
Sim. Acho que nesse aspecto é positivo, porque se uma pessoa está a tentar, ou a pensar, deixar de fumar, é o empurrão que faltava para se decidir mesmo em largar o vício do tabaco.

E.P.R. – Vem esta lei de uma certa forma motivá-lo a largar o tabaco?
D.C. –
Poderei vir a deixar, porque ter que me levantar para fumar…pelo menos leva-me a reduzir. Só que depois é preciso mesmo força de vontade, mas um bom empurrão para deixar de fumar é!

E.P.R. – Sabia que a principal causa de poluição da Europa é o tabaco? Qual a sua opinião em relação a isso?
D.C. –
Não sabia. Acho que se deviam preocupar com outras coisas piores.

E.P.R. – Como encara as 12 mil mortes anuais, só em Portugal, devido ao tabaco? Factos como este não o levam a pensar largar o vício do cigarro?
D.C. –
Eu gosto mesmo muito de fumar. Já pensei várias vezes em deixar de fumar e uma vez até consegui para durante 6 meses! Só que existem sempre condicionantes, como por exemplo, o álcool e as saídas à noite. Estar a beber e não fumar é muito complicado, pelo menos para um fumador. Acho que acima de tudo é preciso muita força de vontade e não é de um momento para o outro que se consegue ganhá-la.

E.P.R. – Desde 1996 que o número de fumadores em Portugal desceu 32%, o que pensa ter acontecido para que isso ocorresse?
D.C. –
O aumento do tabaco e a consciencialização das pessoas. Agora há muito mais informação sobre o risco que se corre quando se começa a fumar e as pessoas passam a optar por serem não fumadoras. E a implementação desta nova lei, também, vai contribuir para que o número de fumadores diminua.




(Entrevista realizada para a disciplina Géneros Jornalísticos (2ºano) leccionada pela docente Cláudia Araújo. O entrevistado é um colega de curso. Janeiro 2008 )

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Caetano demonstra a sua rebeldia alegrando Coimbra

Apesar da falta de grandes êxitos, o brasileiro agradou levando ao rubro o público conimbricense.

Caetano Veloso - autora: Elisabete Paulos Ribeiro


Foi com entusiasmo que os habitantes de Coimbra receberam Caetano Veloso, que apresentou, no passado dia 17 de Outubro de 2007, o seu novo albúm “Cê” à cidade dos estudantes num espectáculo irreverente.

Público recebido com flores e champanhe

Ainda faltavam vinte minutos para que se iniciasse o espectáculo, 21H30, e já o Pavilhão Multidesportos de Coimbra apresentava mais de metade dos lugares ocupados. À entrada da plateia VIP ofereciam-se flores brancas ou rosas, às senhoras e champanhe, a todos aqueles que o desejassem tomar. O público, contemplando o palco de fundo roxo que fazia alusão à capa do último CD do cantor, ansiava pela entrada do mesmo. “Gostaria de ouvir ‘Sozinho’ que é um dos maiores êxitos do Caetano Veloso. Ah e, o ‘Leoãozinho’ porque sou sportinguista. (risos)”, comentava Pedro Caboz, enquanto a plateia VIP era preenchida pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação, pelo Reitor da Universidade de Coimbra, professor catedrático Fernando Seabra Santos, e até por Sérgio Godinho.

Expectativa na espera

O burburinho do público e os assobios quase que não deixavam ouvir a agradável música ambiente, porém, de vez em quando o sotaque brasileiro destacava-se no pavilhão, mostrando a presença brasileira. As pessoas aguardavam com expectativa a entrada daquele que é considerado um dos maiores intérpretes brasileiros de sempre, que já conta com 40 albúns (o primeiro deles editado em 1967 em conjunto com Gal Costa) na sua discografia, já participou em dois filmes e na literatura já se destacou com três livros. De realçar que as bancadas laterais eram ocupadas, maioritariamente, por jovens estudantes e a plateia VIP por indivíduos na faixa etária dos 30/40 anos e por poucos jovens.

O início do espectáculo

Passavam trinta minutos da hora prevista para o início do espectáculo, quando as luzes se apagaram, anunciando a entrada de Caetano Veloso que foi recebido com muitos aplausos. O cantor, que se apresentou com um vestuário simples e modesto, calças de ganga rasgadas, blusa vermelha e casaco de ganga, de guitarra, bem original ao peito, abriu o concerto com uma música alegre pondo o público em euforia. Na primeira vez que se dirigiu ao público, o baiano referiu o seu agrado por estar de volta à “cidade do Mondego e da Universidade” da qual gosta imenso.

Lágrimas no público

Todas as músicas foram acompanhadas por um bom jogo de luzes, enquanto o compositor brasileiro se movimentava pelo palco interagindo com o público e com a banda, que formou propositadamente para a elaboração deste último albúm: Pedro Sá (guitarra e contrabaixo), Ricardo Dias Gomes (guitarra e contrabaixo) e Marcelo Callado (bateria). Além de músicas dos albúns mais antigos (que o cantor considera terem algumas parecenças com “Cê”), a meio do concerto Caetano, sentado, sozinho no palco e de viola na mão “conversou” com o auditório e confessou: “Odeio você é a maneira mais profunda de dizer amo você”. Do público ouviu-se uma voz como que respondendo a Caetano: “Eu amo você!”, voltando a destacar a presença de cidadãos brasileiros no auditório. “Coração vagabundo”, “Cucurrucucu” e “Estranha forma de vida” (numa homenagem à fadista portuguesa Amália Rodrigues) foram as músicas que se seguiram e num estilo intimista, o músico provocou algumas lágrimas no público.

Samba presente no concerto

Com o retorno da banda ao palco, Caetano tira o casaco e o público assobia fazendo o músico rir. Seguiram-se mais temas do novo albúm e outro como “London, London” que foi escrito quando Caetano foi obrigado a exilar-se em Londres devido a sua posição política activa e esquerdista que fez com que o cantor ‘ganha-se’ uma inimizade com o Regime Militar que foi instituído no Brasil na década de 70. O baiano também teve tempo de demonstrar que, como bom brasileiro, sabe sambar e até levantou a blusa mostrando a barriga!

Muitos aplausos

Passavam um pouco mais de duas horas do início do concerto quando o cantor se despediu do público, porém devido a insistência do público Caetano voltou e cantou uma música na qual dizia “eu descobri que sou um anjo”, imitando com os braços umas asas. Apesar de se fazer ouvir no pavilhão “sozinho, sozinho, sozinho…”, o músico não cedeu, apontando para o relógio como quem diz: “já é tarde”. Após a última canção, Caetano Veloso retirou-se, sob uma imenso aplauso dos espectadores, agradecendo.

Ausência de músicas importantes

O auditório aderiu e aplaudiu todo o reportório deste último álbum do cantor brasileiro que é caracterizado pela sua irreverência e por mostrar o lado rock de Caetano. Depois de ter passado por Lisboa e pelo Porto, o músico baiano despediu-se desta maneira de Portugal deixando uma certa desilusão pela falta de músicas tão conhecidas como “Sozinho”, “Leãozinho” e “Você é Linda”.



Caetano Veloso - "Sozinho"





(Reportagem realizada para a disciplina Géneros Jornalísticos (2ºano) leccionada pela docente Cláudia Araújo. Dezembro 2007)



segunda-feira, 12 de maio de 2008

Primeiras “passas” da lei do tabaco

Cigarro - autor: desconhecido, site: Hospital do futuro

Nova Lei do Tabaco em Portugal

Parece quase inevitável neste início de ano não se falar sobre a nova lei do tabaco, que entrou em vigor no dia um de Janeiro de 2008. Os telejornais, as estações de rádio, os blogs na Internet, a imprensa escrita, ultimamente não passam sem notícias sobre as quais se fala na tão contestada lei do tabaco. Seja porque o presidente da ASAE foi apanhado num casino a fumar uma cigarrilha na madrugada do dia de ano novo, seja porque os reclusos não têm espaços próprios para fumarem dentro das prisões, quer porque alguém se recusou a apagar o cigarro num estabelecimento e a polícia teve que intervir, quer porque algum espaço fechado não tinha a devida sinalização. Este tipo de informações têm recentemente entupido os meios de comunicação social.

Tempo de adaptação

Penso que se tem armado um circo em volta desta situação toda. É normalíssimo que nos primeiros tempos existam manifestações contra a nova lei que vai privar as pessoas do seu fiel companheiro, o cigarro. Porém países como a Inglaterra e a França também já adoptaram esta lei à mais tempo e hoje em dia já todos os seus cidadãos cumprem a lei sem exprimirem as suas opiniões, estando já conformados com esta.

Futuro fracasso?

O governo português deu a escolher aos proprietários dos estabelecimentos (restaurante, bar ou discoteca) se pretendiam ser um local de fumadores, sem fumo ou misto. Cabe agora a cada indivíduo escolher qual o sítio que prefere frequentar. Será este um sinal de um futuro fracasso desta nova lei antitabagista? Pensemos, se a lei fosse aplicada para que todos os estabelecimentos fossem espaços sem fumo, os proprietários desses mesmos locais não iriam ficar a perder clientes, pois os fumadores não teriam outra opção senão frequentarem o espaço e usufruírem do seu “cigarrinho” na rua.

12mil mortes anuais

Não pudemos simplesmente deixar de lado certos aspectos importantes como as 12mil mortes anuais devido ao tabaco, só em Portugal! Ou esquecer que o fumo do tabaco é a principal causa da poluição da Europa!

Maioria dos portugueses são contra o tabaco

Tendo em conta estudos que provam que a maioria dos portugueses são contra o tabaco, penso que esta nova lei veio tornar a vida de muitos portugueses mais fácil pois tanto como os não fumadores não têm que se incomodar em estarem num espaço com fumo, os fumadores vêm-se, quase como que, obrigados a fumar menos. Estará alguém disposto a arriscar-se a pagar até 750 euros por fumar num local proibido? Visto que desde de 1996 o número de fumadores caiu 32%, certamente esta lei será um bom empurrão para todas aquelas pessoas que querem deixar de vez o vício do cigarro.

(Artigo de opinião realizado para a disciplina Jornalismo de Imprensa (2ºano) leccionada pela docente Susana Borges. Janeiro 2008)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Agitação Nocturna

Autoridades preocupadas com o aumento da violência nas noites do país

Discoteca - autor: desconhecido, site: um ponto azul

A violência em bares e discotecas agravou-se com o passar dos anos e estamos a viver dias em que a insegurança reina nas noites do país. Com o aumento constante das situações de perigo, os patrulhamentos nos locais de diversão nocturna, mais do que uma obrigação policial, tornaram-se uma necessidade.

Aumento de violência nas noites

Parece inevitável o crescimento da violência nocturna nestes últimos anos. Cada vez existem mais jovens a frequentarem locais de diversão nocturna e a cometerem sérios excessos. Para agravar o panorama, os jovens iniciam-se cada vez mais novos neste tipo de diversões e hoje em dia é habitual encontrarem-se jovens com 12/13 anos em bares e/ou discotecas. A noite apresenta-se de braço dado com a facilidade de acesso a drogas e a álcool e apesar dos jovens estarem conscientes dos riscos que correm, surgem com maior frequência casos de excessos álcool e de consumo de drogas (que se apresentam mais como uma maneira de levar a diversão aos limites). Todavia o consumo nestes ambientes festivos está longe de ser inofensivo e embora se possa manter por tempo indefinido, existe sempre o risco de se desencadear uma dependência. Estes excessos quando confrontados com situações em que as pessoas se exaltam, podem levar ao aparecimento da violência.

Os tipos de violência e as suas causas

Apesar de existirem inúmeras formas de violência, a mais patente é a violência física. Os vários tipos de violência são particularmente caracterizados pela variação de intensidade, instantaneidade e perenidade. A violência nos meios de comunicação social, o acesso a armas de fogo e/ou armas brancas, a discriminação, são alguns exemplos das diversas causas propostas para justificar a violência. Porém a ciência também conclui que a violência é determinada por uma complexa combinação entre factores externos e características inatas ao ser humano. O género, os distúrbios de personalidade, a predisposição natural à violência, são exemplos. Caracterizada pela sua acção corrupta e impaciente, a violência é baseada na ira e não convence nem procura convencer o outro, simplesmente procura agride-lo.

Estudo da PSP

Grande parte dos crimes que ocorrem durante a agitação nocturna estão associados à violência. Com base num estudo realizado pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que revela que esta é uma situação a nível nacional, pode-se constatar que no topo das ocorrências, com 29% dos casos, destacam-se a desordem e o ajuste de contas, seguidos das ofensas à integridade física, com 26%. No grupo dos casos considerados mais graves, em primeiro lugar com 35% das ocorrências, está o uso de armas de fogo, em segundo lugar, com 32%, estão os casos de agressões e coacções, em terceiro, com 21%, aparecem os roubos e no último lugar, com 9% das denúncias, estão os casos de violações. O estudo da PSP revela ainda que a maioria dos casos de violência nocturna ocorrem nas noites de sexta-feira para sábado e de sábado para domingo, embora as quintas-feiras também sejam dias difíceis, e que as horas mais perigosas são entre as duas e as quatro da madrugada. Dentro dos estabelecimentos ocorrem 59% dos crimes e consequentemente 41% dos crimes decorre nas imediações. De acordo com o Relatório de Segurança Interna, 11 369 foi o número de vítimas de agressões que apresentaram queixa em todo o dispositivo da PSP, durante todo o ano de 2006.

Segurança - autor: desconhecido, site: Rei de Lopes

Combate à insegurança nocturna

Para combater a insegurança nocturna as autoridades decidiram colocar nas ruas do país mais de 700 agentes para melhorar a fiscalização na segurança privada, nomeadamente aos seguranças não credenciados e também à falta de equipamentos de detecção de armas. Conjuntamente os bares e discotecas estão a tomar as suas medidas de precaução, sobretudo, na implementação de câmaras de videovigilância, tal como a lei exige, a proibição de levar copos de vidro para fora do estabelecimento, a não venda de álcool a quem apresente sinais de embriaguez, entre muitas outras medidas de tentativa de segurança nocturna.

Alguns casos de violência nocturna:

(Reportagem realizada para a disciplina Jornalismo de Imprensa (2ºano) leccionada pela docente Susana Borges. Dezembro 2007)