segunda-feira, 19 de maio de 2008

Caetano demonstra a sua rebeldia alegrando Coimbra

Apesar da falta de grandes êxitos, o brasileiro agradou levando ao rubro o público conimbricense.

Caetano Veloso - autora: Elisabete Paulos Ribeiro


Foi com entusiasmo que os habitantes de Coimbra receberam Caetano Veloso, que apresentou, no passado dia 17 de Outubro de 2007, o seu novo albúm “Cê” à cidade dos estudantes num espectáculo irreverente.

Público recebido com flores e champanhe

Ainda faltavam vinte minutos para que se iniciasse o espectáculo, 21H30, e já o Pavilhão Multidesportos de Coimbra apresentava mais de metade dos lugares ocupados. À entrada da plateia VIP ofereciam-se flores brancas ou rosas, às senhoras e champanhe, a todos aqueles que o desejassem tomar. O público, contemplando o palco de fundo roxo que fazia alusão à capa do último CD do cantor, ansiava pela entrada do mesmo. “Gostaria de ouvir ‘Sozinho’ que é um dos maiores êxitos do Caetano Veloso. Ah e, o ‘Leoãozinho’ porque sou sportinguista. (risos)”, comentava Pedro Caboz, enquanto a plateia VIP era preenchida pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação, pelo Reitor da Universidade de Coimbra, professor catedrático Fernando Seabra Santos, e até por Sérgio Godinho.

Expectativa na espera

O burburinho do público e os assobios quase que não deixavam ouvir a agradável música ambiente, porém, de vez em quando o sotaque brasileiro destacava-se no pavilhão, mostrando a presença brasileira. As pessoas aguardavam com expectativa a entrada daquele que é considerado um dos maiores intérpretes brasileiros de sempre, que já conta com 40 albúns (o primeiro deles editado em 1967 em conjunto com Gal Costa) na sua discografia, já participou em dois filmes e na literatura já se destacou com três livros. De realçar que as bancadas laterais eram ocupadas, maioritariamente, por jovens estudantes e a plateia VIP por indivíduos na faixa etária dos 30/40 anos e por poucos jovens.

O início do espectáculo

Passavam trinta minutos da hora prevista para o início do espectáculo, quando as luzes se apagaram, anunciando a entrada de Caetano Veloso que foi recebido com muitos aplausos. O cantor, que se apresentou com um vestuário simples e modesto, calças de ganga rasgadas, blusa vermelha e casaco de ganga, de guitarra, bem original ao peito, abriu o concerto com uma música alegre pondo o público em euforia. Na primeira vez que se dirigiu ao público, o baiano referiu o seu agrado por estar de volta à “cidade do Mondego e da Universidade” da qual gosta imenso.

Lágrimas no público

Todas as músicas foram acompanhadas por um bom jogo de luzes, enquanto o compositor brasileiro se movimentava pelo palco interagindo com o público e com a banda, que formou propositadamente para a elaboração deste último albúm: Pedro Sá (guitarra e contrabaixo), Ricardo Dias Gomes (guitarra e contrabaixo) e Marcelo Callado (bateria). Além de músicas dos albúns mais antigos (que o cantor considera terem algumas parecenças com “Cê”), a meio do concerto Caetano, sentado, sozinho no palco e de viola na mão “conversou” com o auditório e confessou: “Odeio você é a maneira mais profunda de dizer amo você”. Do público ouviu-se uma voz como que respondendo a Caetano: “Eu amo você!”, voltando a destacar a presença de cidadãos brasileiros no auditório. “Coração vagabundo”, “Cucurrucucu” e “Estranha forma de vida” (numa homenagem à fadista portuguesa Amália Rodrigues) foram as músicas que se seguiram e num estilo intimista, o músico provocou algumas lágrimas no público.

Samba presente no concerto

Com o retorno da banda ao palco, Caetano tira o casaco e o público assobia fazendo o músico rir. Seguiram-se mais temas do novo albúm e outro como “London, London” que foi escrito quando Caetano foi obrigado a exilar-se em Londres devido a sua posição política activa e esquerdista que fez com que o cantor ‘ganha-se’ uma inimizade com o Regime Militar que foi instituído no Brasil na década de 70. O baiano também teve tempo de demonstrar que, como bom brasileiro, sabe sambar e até levantou a blusa mostrando a barriga!

Muitos aplausos

Passavam um pouco mais de duas horas do início do concerto quando o cantor se despediu do público, porém devido a insistência do público Caetano voltou e cantou uma música na qual dizia “eu descobri que sou um anjo”, imitando com os braços umas asas. Apesar de se fazer ouvir no pavilhão “sozinho, sozinho, sozinho…”, o músico não cedeu, apontando para o relógio como quem diz: “já é tarde”. Após a última canção, Caetano Veloso retirou-se, sob uma imenso aplauso dos espectadores, agradecendo.

Ausência de músicas importantes

O auditório aderiu e aplaudiu todo o reportório deste último álbum do cantor brasileiro que é caracterizado pela sua irreverência e por mostrar o lado rock de Caetano. Depois de ter passado por Lisboa e pelo Porto, o músico baiano despediu-se desta maneira de Portugal deixando uma certa desilusão pela falta de músicas tão conhecidas como “Sozinho”, “Leãozinho” e “Você é Linda”.



Caetano Veloso - "Sozinho"





(Reportagem realizada para a disciplina Géneros Jornalísticos (2ºano) leccionada pela docente Cláudia Araújo. Dezembro 2007)



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